07 agosto, 2009

As urtigas e a alergia

Ao contrário do que se possa pensar, a histamina e a serotonina não são produtos exclusivos de células animais; com efeito, algumas plantas, como por exemplo a urtiga comum (Urtica dioica), uma Urticácea, podem produzir aquelas substâncias, bem como uma panóplia de muitas outras- ácido fórmico, acetilcolina, glicósidos, taninos, acetofeno, astragalina, ácido butírico, ácido cumárico, lectinas, terpenos, violaxantina.
As reacções alérgicas, subsequentes ao contacto com as urtigas, deve-se ao facto das ampolas apicais dos seus pêlos urticantes ou tricomas serem expulsas ao mínimo contacto, deixando livres extremidades aguçadas, endurecidas com sílica e ocas, como se fossem agulhas hipodérmicas em miniatura. Ao serem espetadas nos tecidos do agressor, os tricomas libertam um cocktail contendo histamina, serotonina, acetilcolina, ácido fórmico e outras substâncias. Oliver e tal (1991) demonstraram que cada tricoma de Urtica dioica liberta, em média, 6,1 ng de histamina e 33,25 pg de serotonina. Experiências conduzidas em ratos levaram à conclusão que a reacção alérgica às urtigas se devia à imediata acção da histamina inoculada pelos seus tricomas, e não à histamina libertada pelos mastócitos locais. A sensação de queimadura após o contacto com urtigas deve-se ao ácido fórmico (HCOOH), tal como sucede nas picadas de abelhas – com efeito, Urtica deriva do Latim, uro=queimar. Por sua vez, de Urtica derivou o termo urticária, muito empregue em Dermatologia.

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