Nas doenças graves, em que o prognóstico vital se encontra em jogo surge de forma mais ou menos visível a problemática da morte; naquelas doenças graves de longa duração e mais ou menos invalidantes surgem questões relacionadas à integridade corporal e narcísica (em conjunto com o medo e o abandono).
Ajuriaguerra & Marcelli (1984) realçam o duplo problema face a uma doença grave e crónica: o do investimento pela criança de um corpo cujo funcionamento é sentido como defeituoso ou ameaçado e o do investimento de uma criança doente pelos pais.
Segundo Otto Weininger (1996), o ego imaturo da criança não é capaz de se desenvolver convenientemente quando sujeito a uma situação de angústia constante derivada de uma doença grave. Considera ainda como muito difícil, nestas circunstâncias, o emergir das condições necessárias para a diferenciação entre o ego e o mundo externo (normalmente a mãe).
O período inicial da doança origina alterações bruscas e intensas no equilíbrio familiar, alterações essas que passam quase invariavelmente pelo choque, abatimento e prostração dos pais. Depois virá a luta contra a doença - através do recurso à negação e recusa da doença ou de colaboração com o médico. Por fim, surge uma reorganização da economia familiar em torno da doença ( A & M, 1984).
As reacções da criança diante da sua própria doença dependem da idade e da compreensão que a criança tem da mesma. A criança submetida aos efeitos e consequências de uma doença grave pode adquirir uma compreensão já muito madura da doença e da morte numa idade precoce em relação à criança saudável.
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