17 setembro, 2009

Percepção da doença na criança

A doença constitui um episódio inevitável na vida do ser humano. Na criança, esse tema encontra-se desde muito cedo enraizado nas fantasia e nas actividades espontâneas, como o 'brincar aos médicos'. Uma das atitudes mais frequentes na criança doente é a de se culpar a si própria e verem-na como uma punição. Para isso contribui o hábito de os pais admoestarem os filhos sob a forma de um desfile de consequências para os seus actos mais irreflectidos.

Outra ideia frequente é a do contágio como explicação para a doença. Os conceitos sobre a doença variam de acordo com o grau de diferenciação entre o Eu e o outro (Walsh, 1981):
 - Explicações pré-lógicas: entre os 2 e os 6 anos de idade as explicações são imaturas, em termos de desenvolvimento. A maior parte dão as chamadas explicações fenomenistas - a causa da doença é vista como um fenómeno concreto externo, espacio e temporalmente remoto. As crianças não conseguem explicar como estes factos causam as doenças. A expliacação mais comum é, no entanto, a do contágio pela proximidade ou magia.
 - Explicações lógicas concretas: entre os 7 e os 10 anos de idade as expliacações já surgem num contexto de aumento da capacidade de diferenciação entre o Eu e o Outro, pelo que existe já a capacidade de distinguir claramente entre o Interno e o Externo. A Internalização é a forma mais madura de entender a doença - percebida como estando dentro do corpo, podendo a causa ser externa. No entanto, a doença é ainda vista como algo vago e inespecífico.
 - Explicações lógico-formais: são consideradas 2 sub-estádios na explicação da causa da doença - o fisiológico e o psicofisiológico. Ambos se caracterizam por uma clara distinçao entre o Outro e o Eu. As crianças mais novas dão uma explicação mais fisiológica interna da causa da doença. Crianças mais maduras apresentam explicações psicofisiológicas, ou seja, tornam-se conscientes da possibilidade de os pensamentos ou os sentimentos poderem afectar o funcionamento do corpo.

Segundo Ajuriaguerra e Marcelli (1984), a experiência da doença remete a criança a movimentos psicoafectivo diversos:
- regressão
-sofrimento
-investimento conflituoso do esquema corporal ou do 'sentimento de si'
-morte

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