A absorção de um medicamento é geralmente definida como a passagem deste, desde o local de administração até à circulação sanguínea.Dentro das vias de administração a via oral é a mais utilizada, podendo a absorção ter lugar a nível das mucosas bucal, gástrica ou intestinal, sendo esta última, devido às suas características anatómicas e fisiológicas, o principal local de absorção.
Em geral a absorção de medicamentos pela mucosa gastro-intestinal pode explicar-se por uma simples difusão através de uma membrana com características de estrutura lipóide, contendo poros aquosos, através dos quais podem passar moléculas hidrossolúveis se o seu tamanho molecular for pequeno. No entanto, há evidência de medicamentos que atravessam esta barreira por um processo de transporte activo: compostos cuja estrutura química é semelhante à de substractos normalmente transportados.A força responsável pelo movimento da maioria dos medicamentos através das membranas biológicas resulta da diferença de concentração do medicamento nos dois lados da membrana, conduzindo a um movimento das moléculas da região mais concentrada para uma região de mais baixa concentração. Este processo é chamado difusão.
A velocidade de difusão dq/dt, definida por Fick, depende do gradiente de concentração delta C, da área da membrana (A) através da qual se dá a passagem do soluto, da espessura da membrana (deltax) e da partição (R) da molécula entre a membrana e a fase aquosa:
- dq/dt = [DRA (delta C)]/ delta x
O coeficiente de difusão (D) é definido como o número de moles de medicamento que se difunde através da unidade de área da mambrana, na unidade de tempo, quando o gradiente de concentração é igual à unidade.
O coeficiente de difusão é função do tamanho e forma da molécula bem como da resistência oferecida pela viscosidade do meio.
Para entrar na membrana o soluto deve ultrapassar a tendência para se associar à molécula de água e dissolver-se nas áreas lipídicas da membrana.
A solubilidade lipídica é determinada pela presença de grupos lipofílicos, ou não polares, na estrutura da molécula. Por exemplo: grupos fenilo ou grupos alquilo, aumentando as propriedades lipofílicas da molécula com o comprimento da cadeia:
- CH3< -CH2CH3< -(CH2)nCH3
A introdução de grupos polares na molécula, como:
-OH ; -COOH ; -NH2; -S03H
vai diminuir as suas propriedades lipofílicas. Este facto deve-se a dois tipos de interacções destes grupos funcionais com as moléculas de água: ligações de hidrogénio e/ ou atracções electrostáticas dos grupos ionizados.
Em particular, os grupos ionizados interactuam fortemente com os dipolos aquosos e consequentemente, as moléculas que os contenham, penetram pouco ou nada nas membranas biológicas.
O grau de ionização da molécula irá depender do seu pka e do pH do meio biológico onde está dissolvida, segundo a equação de Henderson-Hasselbach:



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