A noção de morte é recorrente na vida das pessoas, das sociedades. Estende-se do nascimento, da sexualidade, envelhecimento, doença e até à aprendizagem social e aos rituais quotidianos - como actos de troca e relações sociais que põem fim ao real, que o dissolvem e que o opõem ao imaginário. Assim sendo, o simbolismo transitivo com que tratamos a morte é o inverso do princípio da realidade (Baudrillard, 1976).
Apesar da universalidade do fenómeno existem formas diversas de o pensar: uma pluralidade da ideia de morte. Numa coisa, porém, permanece universal: em qualquer lugar e tempo é definida e entendida "(...) em relação opositiva: morte e vida negam-se posicionalmente, afirmam.se relacionalmente." (Ramos, 1987). Como explica este autor, tal oposição é o material sobre o qual se ergue a noção de persona; ou seja, a identificação do Eu, vivo e cultural é feita em relação com os seus opostos: o não-eu, o morto.
Na nossa civilização, foi a morte e ressurreição de Cristo que instaurou a possibilidade de vida eterna (Ariès, 1977), assim como o compromisso do cristão em encarar a morte como um novo nascimento.
Mas, como veremos, o morto é o outro. Não admitimos, em termos inconscientes e sem a ajuda desse outro ( e da sua finitude) a nossa própria morte. Clivamos de forma bastante eficiente as duas faces da moeda de existir. Como escreveu João dos Santos (2000): "(...) quando as pessoas falam da morte referem-se, alguns, à angústia que lhes provoca o seu mistério, outros falam da única morte real que conhecem, a dos outros".
Baudrillard (1976) afirma que o fantasma contínuo da morte é o preço que temos que pagar pela realidade da vida como algo com valor positivo; sendo que a morte é o nosso imaginário
08 setembro, 2009
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