
Todas as sociedades humanas praticam a contracepção, desde tempos imemoriais. Por contracepção dizem-se medidas que impedem a fertilização. Informa-se que um dos métodos de contracepção mais antigos poderá ter sido o do coito interrompido (coitus interruptus), constituindo em tirar o pénis da vagina, antes do orgasmo, ejaculando por masturbação (método muito falível, dado que, entre outros inconvenientes, as lacunas de Morgani/ glândulas de Littre podem albergar espermatozóides relativos a actos sexuais anteriores). Esta prática é antiga a ponto de ser mencionada na Tora : "Mas Onan sabia que o filho que nascesse não seria considerado seu filho. Por isso, cada vez que tinha relações com a viúva do seu irmão, ele derramava o sémen no chão, e assim evitava dar descendentes ao seu irmão" (Génesis 38:9). Face ao episódio bíblico citado, uma designação clássica para coito interrompido e masturbação masculina é o vício de Onan ou onanismo.
Algo semelhante ao coitus interruptus é o coitus reservatus- o homem impede a ejaculação constrigindo fortemente a base do pénis, na altura própria. Os antigos chineses praticavam o coitus reservatus, na medida em que acreditavam que o esperma retido subia ao cérebro, incrementando a inteligência e o vigor físico. Coitus obstructus, recomendado em textos redigidos em Sânscrito, é uma variante do coitus reservatus, muito praticado pelo Hindus- consiste numa pressão profunda com bloqueio da uretra, perto do períneo, forçando o sémen, no momento da ejaculação, e entrar na bexiga.
De notar que muitos povos da antiguidade remota não associavam a gravidez ao poder fecundante do esperma. Deste modo a prevenção da gravidez baseava-se em ritos de feitiçaria, como por exemplo, lançar maçãs para dentro de um poço ou dançar em cima de mulheres defuntas da sua família. Em contrapartida, os antigos Egípcios sempre acreditaram no poder fecundante do sémen; mas, curiosamente, fosse qual fosse a porta de entrada do fluído, dado que, no seu entender, todos os sintomas viscerais comunicavam entre si. Inclusivamente, em papiros consta que na luta eterna entre o Bem e o Mal, personalizada pelo combate entre dois deuses masculinos, Hórus e Set. Certo dia, Hórus, no frenesim da refrega ejaculou sobre uma folha de alfacea qual veio a ser ingerida por Set. Da "união" nasceu Tot, outro deus masculino ( deus com cabeça de íbis, patrono da escrita). Face ao incidente, a alface foi considerada afrodisíaca, nomeadamente no período em que durante a floração produz látex, o qual representava o "sémen de Hórus".
Imagem: coitus reservatus de Irena Zabloska
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